terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Livro: O Punho de Deus - de Frederick Forsyth

Cerca de quatro anos atrás, eu, que já era fanático por literatura policial, dava início a uma nova empreitada, ao ingressar no mundo dos thrillers de espionagem política, com "O Dia do Chacal", de Frederick Forsyth, um autor que eu não conhecia até então. Pra quem já conhece o cara, ficará claro que ele se tornou um dos meus autores prediletos. O estilo jornalístico da narrativa, a hábil mistura de realidade e ficção e o ritmo frenético da trama (entenda-se "muita, muita ação") vivciaria até o leitor mais apático.

Pois bem... toda essa introdução só para dizer que recentemente estive lendo mais uma obra desse autor. Trata-se deste O Punho de Deus (The Fist of God, no original), que tem como pano de fundo a Guerra do Golfo -- ou, melhor dizendo, os tensos momentos que antecderam sua eclosão.

Nessa nova trama, publicada originalmente em 1994, Forsyth se utiliza dos mesmos ingredientes que lhe são característicos (e já citados acima) para contar os bastidores da invasão do Kwait pelo Iraque em 1990 e a arriscada operação efetuada pela CIA e pelo MI6 (ou SIS, o serviço secreto de inteligência britânico) para descobrir e frustrar os planos do ditador iraquiano, Sadam Husseim.

Quem seriam os responsáveis pela morte do físico Gerald Bull em seu apartamento em Bruxelas, na Bélgica? A que se destinariam os compenentes metálicos apreendidos em várias agências alfandegárias pela Europa após a sua morte? O que pretendia Sadam Husseim invadindo o Kuwait e por que se recusou a sair de lá mesmo diante da visível supremacia da coalizão formada posteriormente pelos países aliados? E, sobretudo, quem era Jericó, o traidor iraquiano infiltrado nas reuniões do alto escalão do governo de Saddam, que, por dinheiro, estava disposto a vender suas informações para os aliados?

Essas e outras perguntas vão sendo respondidas, em meio a lances de suspense e recheados com muita ação, muitas delas de forma surpreendente.

Sinopse:

Em agosto de 1990, o Iraque invade o Kuwait. Na onda de tensão que se segue, o Serviço Secreto de Informações britânico decide infiltar um espião no coração da cidade a fim de possibilitar o fluxo de informações e desestabilizar as tropas invasoras. 

É então que o SIS recruta o Major Mike Martin. Competente oficial do SAS, o serviço aéreo especial, Mike Martin (que mais tarde apareceria em "O Afegão"), embora britânico, é um homem de pele morena e que consegue falar árabe fluentemente, ou seja, alguém capaz de passar-se por um árabe. Pelo deserto, evitando as tropas iraquianas, ele entra no Kwait e, passando-se por um beduíno, coordena secretamente um disciplinado grupo de Resistência que em poucos dias estará incutindo terror nos oficiais iraquianos.

Enquanto Mike opera no centro da zona de guerra, seu irmão, Terry (responsável pela indicação do irmão ao serviço secreto), um renomado arabista, é convocado para integrar o Comitê Medusa, uma equipe de especialistas encarregados de elaborar relatórios sobre a situação do Iraque. Em especial, fornecer projeções acerca da posse e produção de armas químicas, bacteriológicas e ADMs. Um Conselho com os mesmos objetivos é formado em Washington.

À essa altura, a movimentação de tropas aliadas em torno do Kuwait já é superior às tropas iraquianas. Embora a ONU insista na sua retirada, Saddam Husseim continua se recusando. Nos bastidores, o grupo de especialistas formado em Washington chega à conclusão que a guerra seria um excelente pretexto para minar os recursos de Saddan Husseim no tocante à produção de armas de destruição em massa (ADMs). O que não será possível se o ditador se retirar amigavelmente do Kuwait.

Acontece que única forma de saber as intenções de Saddam, seria colocar um espião dentro do seleto grupo formado por seus ministros e assessores. O que é praticamente impossível.

É então que vaza a informação de que o Mossad (o serviço secreto israelense) controlou por dois anos um agente infiltrado nos altos escalões do governo iraquiano e que atendia apenas pelo nome de Jericó. Mas fazia quatro meses que não se tinha informações dele e a operação fora desativada. Os americanos e os britânicos decidem então reativar a Operação Jericó e Mike Martin terá novamente de se infiltrar, desta vez em Bagdá, no coração do kuwait, a fim de servir de controlador para Jericó.

Nesse meio tempo, uma interceptação de trechos de uma comunicação entre dois iraquianos, revela a existência do Punho de Deus, que os aliados acreditam tratar-se de uma poderosa arma que Saddam espera usar para reverter sua situação caso haja o conflito.

Ao mesmo tempo, o Mossad decide colocar em prática a chamada operação Josué. Logo, um jovem e bem-apessoado agente israelense é enviado à Viena e tenta seduzir uma secretária solteirona do Winkler Bank. Este banco é onde Jericó possui uma conta numerada na qual são feitos os depósitos dos pagamentos por suas informações. 

Terry Martin viaja aos Estados Unidos e consegue uma informação perturbadora. O Punho de Deus acaba se revelando uma ameaça de proporções terríveis e sua destruição, uma prioridade. Mal sabe ele que incumbirá a seu irmão, utilizando-se das informações fornecidas por Jericó e saltando de pára-quedas sobre as montanhas, a missão de encontrar e destruir o Punho de Deus.

Enfim, mais um livro sensacional de Frederick Forsyth. Além do Major Mike Martin, e de outros personagens reais, tais como Saddam Husseim, o presidente norte-americano George Bush e a primeira ministra britânica Margaret Thatcher, entre tantos outros, o autor consegue criar outros personagens memoráveis, como o já citado Terry Martin, tão importante nos bastidores da operação como o é seu irmão em campo; e o piloto de caça americano Don Walker, cujo instinto mudaria o rumo da guerra. E ao fim de tudo, depois de todos os momentos de tirar o fôlego da narrativa e de todas as informações fornecidas, o autor ainda consegue apresntar um desfecho que deixa o leitor de queixo caído.


Referências Bibliográficas:

FORSYTH, Frederick. O punho de Deus (título do original: The fist of God). Tradução de Pinheiro de Lemos. São Paulo, Record, 2010. 557 p.




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