Se Tropa de Elite mostrava traficantes como células cancerígenas que precisavam ser elimadas e viciados como financiadores do tráfico, Tropa de Elite 2, que estréia hoje no país, mostra as milícias como máfias que vieram ocupar o lugar dos traficantes e políticos corruptos como membros e beneficiários desse verdadeiro crime organizado. O foco do filme continua sendo a corrupção, mas agora seu alvo é bem mais amplo. O filme dispara acusações para todos os lados, e ninguém sai ileso: de políticos e policiais corruptos a defensores dos direitos humanos.
Nascimento (Wagner Moura) começa o filme como coronel do B.O.P.E., mas por punição é promovido a Subsecretário de Inteligência. |
Tropa de Elite 2 começa mostrando Nascimento (Wagner Moura) sendo pego em uma embosca armada - supõe-se, mas não se sabe ainda por quem nem os motivos, ou mesmo se ele vai escapar - por alguém que quer vê-lo fora do caminho, fato que se torna mais rotineiro nos noticiários a cada dia. Mas o filme deixa a sequência desse cena para o final, e volta no tempo para mostrar como se deu a saída do oficial Mathias (André Ramiro) do Batalhão de Operações Policiais Especiais - BOPE.
Fraga (Irandhir Santos), professor de história, defensor dos Direitos Humanos e, posteriromente, Deputado Estadual |
A bela Maria Ribeiro volta no papel de Rosane, só que agora ela vive na companhia de Fraga, crítico da postura de Nascimento |
Tudo começou com uma rebelião de presos em Bangu 1, a primeira prisão de segurança máxima do Brasil, quando o traficante preso Beirada (Seu Jorge), contando com a ajuda de agentes carcerários, consegue fazer outros presos de reféns. O BOPE é chamado e também um defensor dos direitos humanos, Fraga (Irandhir Santos), que terá um importante papel na trama. Depois que o conflito parece superado, o traficante é abatido. O defensor dos Direitos Humanos vai à imprensa e faz um escarcéu. Resultado: Mathias é exonerado e tem que voltar ao batalhão de pms corruptos de que saira, e Nascimento é afastado do BOPE. Mas como ele mesmo diz, ao invés de "cair pra baixo, ele cai pra cima". Acontece que a opinião pública o tacha de herói, e seus superiores hierárquicos não veem outra solução a não ser promovê-lo. Ele agora passa a ser Subsecretário de Inteligência, passando a ter acesso a câmeras de vigilância e escutas telefônicas.
Embora o campo de batalha em Tropa 2 seja outro, também há incursões do BOPE nas favelas |
Devido à sua atuação, o efetivo do BOPE é aumentado e o combate ao narcotráfico, incentivado. Nascimento espera com isso desestabilizar o esquema de corrupção que envolve os traficantes e os policiais. Mas as coisas não saem bem assim. Com os lucros advindos da venda de drogas minguando, os policiais percebem que os bandidos tem outras fontes de renda, representadas pelo abastecimento das comunidades em que operam, com o forneceimento de água, luz, gás, tv a cabo, etc. E então resolvem assumir o controle desse negócio.
André Ramiro como Mathias, que é expulso e depois volta à Tropa, embora a um alto preço |
Logo, as milícias assumem o controle da maioria dos bairros e suas atividades servem para financiar e promover a campanha de homens inescrupulosos, que vêm nessas comunidades grandes estoques de votos. São eles: pms corruptos, como Russo (Sandro Rocha); o apresentador de programa policial Fortunato (um personagem tipicamente nacional, interpretado de forma caricatural - mas nem por isso, menos fiel - por André Mattos); o secretário de segurança Guaraci; e o próprio governador do Rio de Janeiro.
O filme aborda também a tumultuosa relação de Nascimento com seu filho adolescente |
A trama toma um rumo crítico quando as milícias resolvem tomar o último bairro ainda sobre o controle dos traficantes, a comunidade de Tanque. Para isso, precisam expulsar os traficantes - o que significa matá-los. Mas para tanto precisam de uma justicativa. Numa operação, apropriadamente chamada por Nascimento de "Operação Iraque", os "corruptos" forjam o roubo de armas de uma delegacia de polícia e, sob o pretexto de reavê-las, o BOPE sobe o morro mais uma vez. E a carnifina é feita.
Tainá Müller como a repórter que descobre a verdade sobre a "Operação Iraque" |
Vendo as pessoas mais próximas se tornarem vítimas do monstro que ele mesmo ajudou a criar, Nascimento não vê outra alternativa a não ser ir à guerra. E a cena em que ele espanca o ex-secretário de segurança e então Deputado Guaraci, apesar de toda a violência que contém, é uma das mais prazerosas dos últimos anos.
Embora trate-se de uma obra de ficção, com um roteiro robusto, bem amarrado e mais denso que o anterior, o filme consegue traçar um panorama bem amplo do crime e da corrupção no Brasil; conseguindo, de sobra, criar situações de muita tensão, mesmo sem tirar o pé da realidade (por falar em realidade, o final é ainda um tanto utópico para as condições atuais, infelizmente) e não cometendo a besteira de copiar os clichês de filmes americanos. Assim é Tropa de Elite 2, um filme que veio para dar o que falar e que, pelo visto, conseguiu de novo.
Imagens: Orient Cinemas
O filme é bom gostei muito!
ResponderExcluirFaz tempo que assisti um filme assim desse tipo.
É massa!
E o melhor é que ele dá um ar de continuidade no final.
Será que teremos a primeira trilogia nacional?
Eu também vi este filme. Pensei em colocar uma postagem a respeito no meu blog, mas não tive tempo. Muito bom, gostei muito!! Pra mim ficou ainda melhor que o primeiro. Torço para ter uma trilogia no mínimo.
ResponderExcluirValeu aí pelos comentários!
ResponderExcluirTropa de Elite é baseado no livro Elite da Tropa, Meu Idolo. Não é totalmente ficção. Os livros Elite da Tropa 1 e 2, narram a vida de um policial do BOPE e de seus colegas de farda, sendo que no filme apenas misturam os personagens: o Cap. Nascimento é uma mistura de dois oficiais do BOPE e outros personagens são uma mistura dos autores com outros policiias que conheceram. Recomendo. Os livros são muito bons. Amei o filme e acho que o 2 foi indubitavelmente melhor que o 1. Fico feliz pelo NOVO CINEMA BRASILEIRO... finalmente as pessoas estão lotando salas pra ver lançamentos nacionais. Espero que o sucesso continue e passemos a fazer lançamentos mundiais em breve.
ResponderExcluirBjãozão, Idolo.